Eis que surge ela: a inspiração. Aguardava ansiosamente por essa querida dádiva que faz esse blog seguir adiante (ou não).  Quatro anos à frente desse depósito de versos irrelevantes (e um ano sem depositar nada), surgiu no meio mais inóspito possível o assunto sobre o qual quero discorrer nessa postagem. Contrariando todas as expectativas (quero dizer, minhas expectativas, já que ninguém deve ler esse blog) de que o assunto seria uma das minhas questões intrapessoais mal resolvidas, que, com aquele toque de luz no fim do túnel, me faria quase que psicografar um post discutindo e, é claro, resolvendo meu próprio problema intrapessoal mal resolvido. Sinto-lhes dizer que não discorrerei sobre isso. Eu, meus amigos, falarei sobre.. música! (pausa dramática)
        O tempo passou e eu já aceitei meu jeito estranho de escrever, sem grandes analogias rebuscadas pelo nosso código cotidiano, digo, língua portuguesa, serei eu uma jornalista desregrada que escreve esse monte de coisa sem pé nem cabeça. Como dizem por aí: “Independente do que seja, é o que é.” E eu sou o que sou.
Voltando ao foco desse texto, e percebendo que, o ócio criativo advém da falta de sensibilidade cotidiana que nos faz enxergar o óbvio ululante, eu cheguei a uma conclusão estarrecedora (e óbvia pra quem entende de música) essa semana: A contemporaneidade vem abrindo caminhos para o reconhecimento profissional da arte. No nosso caso, do cenário musical.
        Em uma única semana eu, que compro CDs quando gosto do artista, fiz downloads gratuitos de gênios da música brasileira. E não porque passei um tempo vasculhando um download seguro para fazê-lo na clandestinidade, assim, sem pagar nada. O fiz porque os próprios artistas nos deram de presente. Músicos geniais – volto a dizer, que não tem conotação expressamente popular e são desconhecidos de majoritária camada da sociedade -  com exceção do Criolo -  que precisam do reconhecimento do público pelos seus projetos e, ainda assim, nos dão a forma mais democrática de opinar sobre um trabalho: “Quer pagar quanto ?”. É basicamente essa a pergunta que fica no ar quando temos esse tipo de autonomia. Esses discos também ficam disponíveis à venda, que é a forma de retorno que o artista tem (além dos shows, é claro).
       Sabe quando você pára no sinal e aquele cara faz coisas improváveis e dá um verdadeiro show em alguns minutos? Na mesma hora você sente que precisa recompensá-lo de alguma forma, pois o que ele faz é genial. Estamos passando por esse paradigma. Invertendo a ordem natural das coisas, na qual é possível consumir antes de pagar e decidir se quer pagar, tudo isso dentro dos tramites legais.
       Sendo eu leiga dentro desse assunto, posso afirmar que a indústria fonológica vem ganhando um novo formato no que tange a relação entre público e artistas. As intrínsecas relações de capitais entre as gravadoras, o ECAD (muito conhecido dos produtores culturais) e tudo mais que gere capital (e muito), talvez não tenha mudado tanto assim.
Enquanto escutava o novo CD da Karina Buhr – Longe de Mim (que fiz download e paguei com um post no facebook, vejam vocês..), lembrei-me que essa semana fiz download do disco do Lirinha, ex-vocalista do Cordel do Fogo Encantado (que finalizou suas atividades no início de 2010 =/), intitulado Lira; Também das duas músicas do novo trabalho genial – como sempre - do Tom Zé: Tropicália Lixo Lógico; Há um tempo atrás do trabalho Nó na Orelha do Criolo e, certamente, muitos outros criadores estão disponibilizando suas obras por aí. Acessibilidade à coisa boa no Brasil não é corriqueiro. Enjoy the moment, people!

     Fecho o post com a minha atual música preferida da Karina Buhr e que é responsável por eu ter iniciado esse texto:

 “E aí crio asas e aí elas querem voar”.





Eis que passando por aqui meio que sem querer, eu percebi que comecei esse blog em 2008, despretensiosamente! Comecei escrevendo umas abobrinhas e coisas que faziam sentido só pra mim (não que isso tenha mudado!) considerava isso algo unilateral, mas de alguma forma, sabe se lá por que, algumas pessoas se identificavam com tais palavras. Comecei meio tímida, sem saber do que se tratava, com uma idéia que pairava na minha cabeça desde os meus seis anos de idade: Quando crescer vou ser jornalista! (mesmo sem saber do que se tratava profundamente aquela profissão que havia escolhido, também despretensiosamente, aos míseros seis anos de idade). Acontece que em 2008 (eu tinha 14 anos) eu era uma pessoa “crua”.

Sabia distinguir bem as coisas que me chamavam atenção – que eram sempre as que não chamavam atenção das pessoas – sabia das coisas que eu queria pra mim, mas faltava moldar isso a minha realidade. Faltavam influências que me permitissem construir e lapidar aquilo que eu buscava ser. E enxergar essas influências eram difíceis e confusas. E nesse mesmo ano essa carência foi suprida com uma avalanche de influências. O que fez com que de alguma forma eu perdesse metade da minha identidade (sim. não tem problemas em assumir isso u_u) e me deixou em uma linha de conflito onde eu olhava pra mim e buscava me comparar com outras pessoas que desejavam o mesmo que eu. Nesse momento me vi distante de tudo que sempre quis ser, me vi abaixo da linha do aceitável para a sociedade, comecei a achar todas as minhas coisas uma merda (inclusive esses textinhos meia-boca que eu publicava aqui), comecei a freqüentar psicólogo, perdi o foco no momento que eu percebi, com as comparações, que aquilo que eu escolhi aos seis anos de idade não fazia mais sentido na minha vida. Mas como não fazia se aquilo era a única certeza que eu tinha na vida? (além da morte, é claro!) Se aquilo não fazia sentido, nada mais faria. E com esse pensamento em iniciei o retrocesso. Foi daí pra baixo! Tentando me desconstruir de tudo aquilo pra voltar ao ponto inicial, foi que eu me construía ainda mais. Fui moldando uma coisa em cima da outra - imaginem um artesão de cerâmica jogando sua matéria prima abarrotadamente sem coerência e ao mesmo tempo tentando moldar aquilo. Conseguem visualizar o produto final? - Era isso que eu estava me tornando ao longo dos anos. De certa forma, a minha dificuldade era enxergar aquilo que eu era (e sou!). E que meus pontos de referência, eram apenas meus pontos de referência, e não algo que eu deveria me tornar. Foi então que resolvi escrever esse texto (mesmo sabendo que tenho que estudar. Assim como em todos os outros textos que escrevi) e percebi algo importantíssimo nesse ninho de mafagafos: Desde 2008 escrevendo aqui, eu passei TODO o ano de 2011 sem dar as caras nesse lugar! Eu passei um ano de infertilidade criativa, um ano sem ler livros por livre e espontânea vontade, um ano contribuindo para o meu retrocesso que se iniciou em 2008. E foi em 2011 que ele teve o seu auge! Entrei pra esbórnia, esqueci compromissos, perdi prazos, inverti metas, perdi o BV! (sim, aos 18 anos de idade! polêmico.), viciei em narguile (mentira!), viciei em baladas, me perdi na vida!

Essa auto-avaliação (meia-boca, assim como todos os textos desse blog) me dá mais segurança pra crer que em 2012 vou curar todo esse retrocesso! Let’s go!