E sofria por dentro,

aquela dor de amor carnal e dependência espiritual que lhe cortava a pele,

rachava-lhe os minúsculos poros da sua existência.

Queria habitar o outro,

tê-lo como um ser híbrido.

Mas toda vez desconstruía-se a história do amor real e carnal.

Ela entrava num sólito ser inexistente criado dentro dela.

Tinha a certeza da incoerência do outro,

da falta de reciprocidade.

E aí, então, regozijava-se e um misto de dor e alegria

tomava conta de todos os espaços.

Nesse momento, ela tinha certeza do amor concluído,

aquele que causa prazer pela não correspondência,

pela falta e distancia;

aquele que tá nos pensamento mais ilusórios,

impossível de ser real..

fechando um ciclo de amor perfeito,

pronta pra começar tudo outra vez!

          Eis que surge ela: a inspiração. Aguardava ansiosamente por essa querida dádiva que faz esse blog seguir adiante (ou não).  Quatro anos à frente desse depósito de versos irrelevantes (e um ano sem depositar nada), surgiu no meio mais inóspito possível o assunto sobre o qual quero discorrer nessa postagem. Contrariando todas as expectativas (quero dizer, minhas expectativas, já que ninguém deve ler esse blog) de que o assunto seria uma das minhas questões intrapessoais mal resolvidas, que, com aquele toque de luz no fim do túnel, me faria quase que psicografar um post discutindo e, é claro, resolvendo meu próprio problema intrapessoal mal resolvido. Sinto-lhes dizer que não discorrerei sobre isso. Eu, meus amigos, falarei sobre.. música! (pausa dramática)
        O tempo passou e eu já aceitei meu jeito estranho de escrever, sem grandes analogias rebuscadas pelo nosso código cotidiano, digo, língua portuguesa, serei eu uma jornalista desregrada que escreve esse monte de coisa sem pé nem cabeça. Como dizem por aí: “Independente do que seja, é o que é.” E eu sou o que sou.
Voltando ao foco desse texto, e percebendo que, o ócio criativo advém da falta de sensibilidade cotidiana que nos faz enxergar o óbvio ululante, eu cheguei a uma conclusão estarrecedora (e óbvia pra quem entende de música) essa semana: A contemporaneidade vem abrindo caminhos para o reconhecimento profissional da arte. No nosso caso, do cenário musical.
        Em uma única semana eu, que compro CDs quando gosto do artista, fiz downloads gratuitos de gênios da música brasileira. E não porque passei um tempo vasculhando um download seguro para fazê-lo na clandestinidade, assim, sem pagar nada. O fiz porque os próprios artistas nos deram de presente. Músicos geniais – volto a dizer, que não tem conotação expressamente popular e são desconhecidos de majoritária camada da sociedade -  com exceção do Criolo -  que precisam do reconhecimento do público pelos seus projetos e, ainda assim, nos dão a forma mais democrática de opinar sobre um trabalho: “Quer pagar quanto ?”. É basicamente essa a pergunta que fica no ar quando temos esse tipo de autonomia. Esses discos também ficam disponíveis à venda, que é a forma de retorno que o artista tem (além dos shows, é claro).
       Sabe quando você pára no sinal e aquele cara faz coisas improváveis e dá um verdadeiro show em alguns minutos? Na mesma hora você sente que precisa recompensá-lo de alguma forma, pois o que ele faz é genial. Estamos passando por esse paradigma. Invertendo a ordem natural das coisas, na qual é possível consumir antes de pagar e decidir se quer pagar, tudo isso dentro dos tramites legais.
       Sendo eu leiga dentro desse assunto, posso afirmar que a indústria fonológica vem ganhando um novo formato no que tange a relação entre público e artistas. As intrínsecas relações de capitais entre as gravadoras, o ECAD (muito conhecido dos produtores culturais) e tudo mais que gere capital (e muito), talvez não tenha mudado tanto assim.
Enquanto escutava o novo CD da Karina Buhr – Longe de Mim (que fiz download e paguei com um post no facebook, vejam vocês..), lembrei-me que essa semana fiz download do disco do Lirinha, ex-vocalista do Cordel do Fogo Encantado (que finalizou suas atividades no início de 2010 =/), intitulado Lira; Também das duas músicas do novo trabalho genial – como sempre - do Tom Zé: Tropicália Lixo Lógico; Há um tempo atrás do trabalho Nó na Orelha do Criolo e, certamente, muitos outros criadores estão disponibilizando suas obras por aí. Acessibilidade à coisa boa no Brasil não é corriqueiro. Enjoy the moment, people!

     Fecho o post com a minha atual música preferida da Karina Buhr e que é responsável por eu ter iniciado esse texto:

 “E aí crio asas e aí elas querem voar”.





Eis que passando por aqui meio que sem querer, eu percebi que comecei esse blog em 2008, despretensiosamente! Comecei escrevendo umas abobrinhas e coisas que faziam sentido só pra mim (não que isso tenha mudado!) considerava isso algo unilateral, mas de alguma forma, sabe se lá por que, algumas pessoas se identificavam com tais palavras. Comecei meio tímida, sem saber do que se tratava, com uma idéia que pairava na minha cabeça desde os meus seis anos de idade: Quando crescer vou ser jornalista! (mesmo sem saber do que se tratava profundamente aquela profissão que havia escolhido, também despretensiosamente, aos míseros seis anos de idade). Acontece que em 2008 (eu tinha 14 anos) eu era uma pessoa “crua”.

Sabia distinguir bem as coisas que me chamavam atenção – que eram sempre as que não chamavam atenção das pessoas – sabia das coisas que eu queria pra mim, mas faltava moldar isso a minha realidade. Faltavam influências que me permitissem construir e lapidar aquilo que eu buscava ser. E enxergar essas influências eram difíceis e confusas. E nesse mesmo ano essa carência foi suprida com uma avalanche de influências. O que fez com que de alguma forma eu perdesse metade da minha identidade (sim. não tem problemas em assumir isso u_u) e me deixou em uma linha de conflito onde eu olhava pra mim e buscava me comparar com outras pessoas que desejavam o mesmo que eu. Nesse momento me vi distante de tudo que sempre quis ser, me vi abaixo da linha do aceitável para a sociedade, comecei a achar todas as minhas coisas uma merda (inclusive esses textinhos meia-boca que eu publicava aqui), comecei a freqüentar psicólogo, perdi o foco no momento que eu percebi, com as comparações, que aquilo que eu escolhi aos seis anos de idade não fazia mais sentido na minha vida. Mas como não fazia se aquilo era a única certeza que eu tinha na vida? (além da morte, é claro!) Se aquilo não fazia sentido, nada mais faria. E com esse pensamento em iniciei o retrocesso. Foi daí pra baixo! Tentando me desconstruir de tudo aquilo pra voltar ao ponto inicial, foi que eu me construía ainda mais. Fui moldando uma coisa em cima da outra - imaginem um artesão de cerâmica jogando sua matéria prima abarrotadamente sem coerência e ao mesmo tempo tentando moldar aquilo. Conseguem visualizar o produto final? - Era isso que eu estava me tornando ao longo dos anos. De certa forma, a minha dificuldade era enxergar aquilo que eu era (e sou!). E que meus pontos de referência, eram apenas meus pontos de referência, e não algo que eu deveria me tornar. Foi então que resolvi escrever esse texto (mesmo sabendo que tenho que estudar. Assim como em todos os outros textos que escrevi) e percebi algo importantíssimo nesse ninho de mafagafos: Desde 2008 escrevendo aqui, eu passei TODO o ano de 2011 sem dar as caras nesse lugar! Eu passei um ano de infertilidade criativa, um ano sem ler livros por livre e espontânea vontade, um ano contribuindo para o meu retrocesso que se iniciou em 2008. E foi em 2011 que ele teve o seu auge! Entrei pra esbórnia, esqueci compromissos, perdi prazos, inverti metas, perdi o BV! (sim, aos 18 anos de idade! polêmico.), viciei em narguile (mentira!), viciei em baladas, me perdi na vida!

Essa auto-avaliação (meia-boca, assim como todos os textos desse blog) me dá mais segurança pra crer que em 2012 vou curar todo esse retrocesso! Let’s go!



Com duzentos e quarenta mil motivos pra sorrir! Essa é a frase da música que me inspirou a começar esse post! É claro que, como sempre, eu deveria estar estudando, mais mergulhando no universo da blogosfera, twitfesra e assim adiante, eu li sobre alguns assuntos que me fizeram refletir.

Primeiro ponto: Há certo burburinho sobre o reajuste do salário dos deputados! E se é difícil pra eles dá um mísero aumento pra população, por outro lado, é muito fácil aumentar o próprio salário. Os senhores deputados que compõem o legislativo e deviam trabalhar em prol da população, votaram pelo reajuste de 61,8% nos próprios salários! Acho antiético que eles tenham autonomia pra aprovar o quanto vão receber. Se fosse tão simples assim, nós, enquanto cidadãos, deveríamos aprovar os nossos reajustes. Mas como isso não acontece, seria mais justo e democrático que os responsáveis pela aprovação do salário dos deputados ( e afins) fossem decididos por nós! Se temos autonomia pra eleger, deveríamos ter principalmente pra decidir questões como essas. ( observação de grande importância: O salário atual de um Deputado Federal é de R$ 16.500!!! quer dizer , né ... )

Enfim, o ponto principal desse texto é outro. Com essa notícia de reajuste dos salários dos senhores deputados, começou uma onda de indignação através desse universo paralelo! Se hoje em dia, compramos, namoramos, brigamos pela internet, nada mais justo do que nos revoltarmos. Se precisar fofocar, uso um Orkut qualquer, se preciso revolucionar, crio um blog e posto críticas a quem eu quiser. E no meio desse universo surge o sinônimo de rebeldia do século XXI: O twitter! Se quiser ser rebelde e demonstrar indignação, faça uma hastag no twitter e espalhe-a da forma mais rápida possível, para que toda a indignação da população brasileira seja demonstrada e escarrada sobre... Sobre quem?

Estamos atingindo a quem com toda essa indignação virtual? Os críticos, inteligentes e participantes das ditaduras e do que se podiam considerar revoluções, ficam indignadas com essas demonstrações atuais de revolução! A hastag #fogonocongresso não vai diminuir a proposta de salário dos deputados. Eles devem estar rindo e tranqüilos por saber que não terão problemas com os estudantes, que deveriam ( deveríamos ) ser a maior demonstração da subversão dos valores atuais!

Se tem um grupo, instituição ou o que quiserem chamar, que funciona atualmente ( e é esse o ponto em que eu quero chegar) é o poder do narcotráfico! Sim meus caros. Essa é uma representação de uma organização social que pretende ir contra o sistema porque sabem que são minoria discriminada, e esses objetivos são algumas vezes conseguidos com maestria!

Não, eu não estou fazendo nenhum tipo de apologia ao crime, só estou tentando explicar, do meu ponto de vista, o que eu considero revolução atualmente!

Vamos lá: O sistema que é construído pra classe média e que funciona melhor pra eles, é o mesmo sistema que discrimina e marginaliza os negros, moradores de favelas ( ou comunidades, como andam dizendo) e pobres!

O narcotráfico faz um furo no sistema, amedrontando a população que só quer viver na paz de suas coberturas de frente pro mar e ter o direito de tratar bem só quem eles querem e de contribuir para todo o preconceito de modo geral, sem ser incomodado por isso!

As organizações criminosas, lutam por um lugar na sociedade, a qual lhes foi tirado ( ou nunca foi dado) E eles sim demonstram indignação e tentam mexer na ferida, no ponto fraco da sociedade.

É claro que por detrás do crime, existem diversas outras vertentes que dariam outro post. Mas se vamos falar de revoluções, indignações e ações, acho que nós não somos dignos de pertencer ao grupo dessas três características enquanto estivermos colocando fogo no congresso através de uma hastag.


Obs: A frase com que eu iniciei esse post, é de uma música de funk, bem característicos das favelas e do crime organizado.




Desde os primórdios da nossa civilização, é presente na cultura humana a junção de pessoas em um grupo de características incomuns que se relacionam com o modo de vida desse grupo. As gerações não fogem a essa regra. Com o passar do tempo percebe-se mudanças e grupos diferentes.

A juventude é, hoje em dia, um grupo social que caracteriza as gerações de cada época. Os traços vivenciados na juventude são tomados como ponto de referência das décadas e comparados as décadas que se seguem. O conflito dessas gerações se dá exatamente pelo fato de que com o passar do tempo, certos valores vivenciados com veemência, são perdidos e dão lugar a outros julgados incoerentes no passado.

É o que podemos chamar de nova era, onde os jovens, que virarão ponto de referência daqui a um tempo, renovam seus ideais, deixando para trás tudo o que julga velho, careta e ultrapassado, dando lugar a sonhos que se diferenciam das gerações anteriores. As revoluções antigas eram de verdade! Os jovens doavam suas vidas e davam literalmente seu sangue, para seus ideais! Hoje as pequenas manifestações de insatisfação são apenas para dizer que nossa geração não é, assim, tão acomodada, é apenas para aparecer e vem geralmente cheia de vazio.

Por outro lado, se esses ideais renovados se tornam divisores de águas, existe um ponto de renovação que pode aproximar gerações: as renovações tecnológicas! Os mesmos jovens que perdem valores antigos são os que dão a sociedade avanços tecnológicos. O processo de automatização que facilita a nossa vida em vários aspectos pode em alguns pontos, dificultar a vida dos mais velhos, que pertenceram a um modo de vida diferente e menos sedentário do que o modo de vida automatizado. Porém nós, enquanto seres humanos estamos o tempo inteiro tentando nos adaptar ao ambiente, é nesse aspecto que a convivência entre gerações se torna mais estreita, quando um precisa do outro pra compreender de forma clara, o uso de novas ferramentas criadas por essa geração atual.

As gerações são renovadas de acordo com o tempo e o espaço! Cada um consiste um grupo de aspectos, que criam, descriam, inventam e acreditam em coisas no decorrer de sua passagem. A formação de novas gerações, nada mais é do que a vivência do atual, misturado com experiências passadas, sobre aquilo que deve ou não se deve fazer. Por fim, as relações entre gerações estão intimamente ligadas pela troca de informações entre novas e velhas culturas.